As novas estratégias do varejo de moda
Não é que a Pronto-Moda da
Itália evoluiu para a Moda Rápida da Espanha (leia-se Zara) e agora as duas se uniram
em uma incrível simbiose estratégica. Qual seria a diferença básica entre as
duas opções? Na pronto-moda a coleção é lançada de forma parcelada de tal sorte
que se vá reforçando as certezas da demanda nos lançamentos seguintes. Reduz o
risco dos lançamentos completos. Na moda rápida os produtos tem uma história
própria, bem individual, e o repique de um produto vencedor é desenvolvido a
partir da base conhecida com ligeiras alterações. O consumidor nunca terá mais
do mesmo. Mas terá de forma aproximada conforme a releitura do designer. Essa
incerteza angustia qual seja a de não encontrar um produto que gostou na
próxima visita à loja (não há reposição do mesmo do jeito que está) faz com que
o consumidor potencialize seu impulso de compra. Não é sem razão que a Zara em pleno ambiente
de recessão europeia está expandindo os seus negócios ( a Zara e toda Inditex da
mesma forma). Vejam esses dados:
No início da crise em 2008, a Zara
reunia um pool de empresas, que desde
1979 passaram a compor o grupo Inditex (Industrias de Diseño Textil), a saber:
Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e
Skhuaban e Uterqüe, com mais de 4.000 pontos de venda e presença em 70 países,
empregando mais de 80 mil pessoas.
Seu último balanço indicava um
faturamento bruto de 9.435 milhões de euros para um lucro líquido de 1.258
milhões, ou seja, 13,48%. Pelo seu desempenho no período de 1998 a 2008,
tornou-se objeto de estudo da Harvard
Business School, gerando uma publicação onde se demonstrava que a empresa
bateu o recorde de crescimento que, até então, pertencia ao Wall Mart,
publicação essa que vendeu dois milhões de cópias.
Em 2011, após 2 crises globais em 3 anos como se apresenta a
empresa? O crescimento da Inditex é a
mistura do incremento das vendas em
lojas já existentes, que aumentaram 6%, combinado com a abertura de novos
estabelecimentos. No primeiro semestre, a Inditex
abriu 177 novas
lojas e, pela primeira, Zara não teria a predominância
(36) de aberturas, mas a Stradivarius,
com 40 lojas. A terceira marca em
expanção de pontos de varejo foi a Bershka, com 31 lojas. No
entanto, as previsões da empresa para o ano inteiro sugerem
que Zara vai recuperar a
supremacia da expansão, com uma meta para 2012 de abertura entre 125 e 130 pontos de venda,
enquanto a Stradivarius possuirá até o final
desse ano cerca de 80 a 85 novas lojas.
Considerando-se a
holding, a meta estabelecida seria uma distribuição uniforme de aberturas desde o início até atingir 460 a 500 lojas, o que estabeleceria um
novo recorde. No entanto, nas circustâncias, a maioria
das aberturas estarão concentradas
na segunda metade de 2012. Esses indicadores mostram a
eficácia da estratégia, que segundo as estimativas doa autores atinge cerca de
85% dos produtos da empresa e um nível de eficácia de 80% de aplicação.
Estamos viciados em
definir coisas por associação. Fala-se
me moda rápida e logo vem a mente a palavra Zara. Mas Zara é pronto-moda em um
terço dos seus produtos. São os chamados produtos locais. Aqueles que a empresa
decide com o private-label associado em uma determinada região do globo. Se em
número de produtos a moda rápida vence há registros que em valor agregado um
empate técnico se verifica.
Portanto turma, como
dizia o Chacrinha quando duas pessoas chegavam ao final:
- Os dois?
E a platéia respondia:
-Os dois!
Eu acho que essa é a grande senha: as duas!!!!!!!!!!!!!